O passageiro que estrangulou Jordan Neely, 30 anos, um negro em situação de rua, no metrô de Nova York, nos Estados Unidos, foi identificado como Daniel Penny, um veterano de 24 anos do Corpo de Fuzileiros Navais americano, informou o jornal New York Times.
Penny foi ouvido pelas autoridades e liberado sem acusações. O ex-chefe de detetives da polícia de Nova York Robert Boyce acredita que Penny teria agido em legítima defesa. Não se sabe se ele será formalmente acusado.
Políticos, líderes municipais e defensores dos nova-iorquinos que lutam contra a falta de moradia e as doenças mentais pediram a prisão do veterano.
A morte de Neely, disseram, foi uma tragédia desnecessária que ressalta as políticas inadequadas da cidade em relação aos residentes mais vulneráveis e marginalizados.
Alguns nova-iorquinos também disseram que as ações de Penny refletem a frustração e o medo que muitos passageiros têm em relação ao sistema de transporte público, mesmo com a queda no índice de crimes graves no metrô.
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Na noite de sexta-feira, os advogados de Penny expressaram condolências em nome de seu cliente à família de Neely. “Daniel nunca teve a intenção de prejudicar o senhor Neely e não poderia ter previsto sua morte “, sustenta o escritório de advocacia Raiser and Kenniff, em um comunicado.
Lennon Edwards, advogado da família de Neely, contrapôs em uma entrevista, na sexta-feira, que a morte de Neely foi inaceitável. “Ele foi roubado de sua vida de forma brutal por alguém que decidiu que era juiz, júri e carrasco”, afirma. “Não podemos ter vigilantes e não podemos ter pessoas fazendo justiça com as próprias mãos.”
O prefeito Eric Adams classificou a morte de Neely de “trágica”, mas pediu paciência enquanto as autoridades concluem as investigações. “Há muita coisa que não sabemos sobre o que aconteceu”, disse ele, no início da semana.
O que aconteceu
O crime ocorreu por volta das 14h30 de segunda-feira (1°), na estação Broadway-Lafayette. Não está claro como o confronto se deu, mas ao que tudo indica nenhuma arma teria sido usada. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento da agressão.
Segundo a polícia, Neely estava assediando e ameaçando outros passageiros quando o rapaz de 24 anos interveio e tentou dominá-lo. Uma luta física começou e o homem que morreu perdeu a consciência. Ele foi levado às pressas para o hospital Lenox Hill, onde foi declarado morto. Passageiros do mesmo vagão corroboram a narrativa do agressor.
A polícia afirma que Neely era reincidente, com histórico, no metrô, de 44 prisões, por agressão, conduta desordeira e sonegação de tarifa. Era também procurado para ser interrogado por supostamente ter se envolvido em um ataque, em novembro de 2021. Além do histórico criminal, o homem que morreu tinha problemas mentais.
Repercussão
O responsável pela controladoria da cidade de Nova York, Brad Lander, expressou indignação no Twitter e defendeu que o homem que estrangulou Neely deve arcar com as consequências de seu ato e que, como agressor, não deveria ter sua atitude “justificada e aplaudida”. Nas redes sociais, internautas afirmam que o crime não teria ocorrido se a vítima fosse branca.
“Jordan Neely, um homem negro com problemas mentais, foi linchado esta semana no metrô de Nova York porque era visto como uma ameaça e alguém cuja vida era descartável. Seu assassino — um homem branco — não foi acusado”, escreve um usuário. “O assassinato de Jordan Neely explicita as falhas de nossa sociedade”, constata outro. “Jordan Neely deveria estar vivo”, lamenta um terceiro.